sexta-feira, abril 07, 2006

Minha Utopia freak

O problema do álcool só acontece quando não há mais uma gota na garrafa e nossas almas secas ainda não foram saciadas. Aí, como alimentar a alegria e a música sem mais uma rodada? Como encontrar aquele amor eterno – enquanto dure a bebedeira, que fique claro – sem a ajuda valiosa de um bom uísque?

Ah, senhoras, nada melhor que um hi-fi para romper tantas tiranias acumuladas em séculos de opressão. E depois subir ao balcão, proclamando-se livre, dona dos seus corpos, almas aladas sob a proteção da sabedoria de antigas feiticeiras. Nessas horas, calem-se os discursos feministas diante da transformação da realidade proposta pelo champagne.

O problema do fumo é recente. Os mais velhos fumavam desde criança e não morriam de câncer! Quando foi que inventaram isso? E os nossos índios, apreciadores do ato de inspirar e expirar a branca fumaça de tudo o que se pudesse queimar enrolado em folhas secas? O que seria do jazz se tivesse que se desenvolver nos insípidos ambientes dos bares americanos da atualidade? Era a fumaça – maldita e amada – que compunha a atmosfera exata, acolhedora, para a chuva de notas se misturarem promiscuamente e, juntas, formarem as harmonias que nos emocionam.

O problema da droga é a má qualidade. Tirem esse tema das mãos da polícia e ponham nas mãos dos médicos. Deixem que especialistas determinem o nível de pureza dos ecstasys, LSDs, Cocaína, MDA ou qualquer outra droga química e que o usuário saiba o que está tomando. Cobrem impostos e parem com essa hipocrisia!

E quem quiser ficar tonto como uma barata depois de uma dose de inseticida, que fique! Deixem os bêbados rolarem na calçada e os fumantes se entupirem de nicotina. Num mundo ideal ninguém seria ditador do corpo e da mente alheia.

Vamos desvincular o tema da moralidade tacanha e ignorante. Vamos exorcizar o glamour que atrai jovens impressionáveis e deixem que a informação e a ajuda circulem livremente, longe das grades e do crime.

Na terra

Em tempo de final de campeonato, advirto aos leitores: esse colunista odeia esportes! Mais que isso: fica perplexo quando vê palhaços que correm, chutam e pulam se transformarem em ídolos. Isso diz muito sobre a personalidade desse país de analfas militantes. O pior é a mitologia que se inventou relacionando esporte com cidadania e bom-caratismo. Gente como Romário, Edmundo e os brutamontes da família Gracie, entre tantos outros – trapaceiros e entupidos de anabolizantes – estão aí para provar o contrário.

No ar

Ninguém agüenta mais o tal astronauta brasileiro. O cara deve ser saudável, não fumante, anti-drogas e deve comer alimentos diets, o que não o livra de ter um ar embasbacado e espírito deslumbrado. Se diz cientista mas levou para o espaço uma experiência ridícula, grãos de feijão no bolinho de algodão pra ver se nasce uma plantinha. As pesquisas aeroespaciais mais importantes da atualidade sairam de sondas não tripuladas e enquanto isso o Brasil – nós, contribuintes - gasta 22 milhões de reais nessa brincadeira.

Tem mais: o cara compõe música – horrivelmente pretensiosa – e a gente é obrigado a ouvir.

Na caixa

Foi lançada a caixa “De Gainsbourg a Gainsbarre”, que reúne onze CDs com a obra desse músico que inspirou a coluna de hoje.

Serge Gainsbourg, para quem não sabe, é o autor de “Je t”aime, moi non plus”, clássico tema erótico com tecladinho de churrascaria à frente e gemidos de Jane Birkin, sua musa e companheira durante vários anos.

Fumante inveterado, alcoólico convicto, construiu um trabalho alinhado à caretíssima música popular francesa ao mesmo tempo em que provocava os valores dos fãs com uma anti moral bastante particular.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Dolores, meu bom.. nao odeie não, meu rei... no máximo... desgoste!;) ódio é muito pesado. ódio é o veneno que tomamos quando queremos mal a alguem... ;) como dizia paulinho, aquele minino : "live and let die.."

e tou esperando a resposta do meu email, hein? esquece de mim não...

3:47 AM  

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