sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Eu só quero é ser feliz

Em artigo da sexta-feira passada nesse Diário sobre o recente disco do DJ Marlboro, maior fenômeno comercial dos bailes funk, o autor se confunde ao usar o termo “batidão” quando seria “pancadão”, chama de neopopulistas os simpatizantes do baile funk e generaliza sua opinião a partir do trabalho de apenas um entre tantos outros produtores do gênero.

As letras são “indigentes”, diz o texto. Ora, meus amigos, estamos falando de cultura pop, essa coisa complexa que é o que não parece ser, camaleônica e cínica em suas intenções. Se fôssemos julgar “indigência” nas letras não seríamos fãs dos Ramones – “now i wanna sniff some glue, now i wanna have somethin’ to do” é repetido ad infinitum em uma de suas faixas –, nem do reggae com suas babilônias, baseados e jahs – mesmo Bob Marley não foge aos clichês –, ou o samba com seu “pato cantando alegremente” e a “chupeta pro neném não chorar”. Tudo deve ser julgado dentro de um contexto sob pena de se ter um valor absoluto e autoritário.

A gente discute o gosto dos outros o tempo inteiro pois lá se encontra o exato reflexo dos valores da vida da gente. Tudo aquilo que dá prazer a um povo é um poderoso catalisador social e daí o medo em relação ao gosto da plebe – rude? Um baile cheio, com milhares – sim, senhoras e senhores, eu disse milhares – de pessoas se esbaldando na pista é uma beleza, uma voz que a “sapiência” da imprensa e as artimanhas das gravadoras não conseguem calar.

Para terminar, cito Mr. Catra que, em uma de suas letras, diagnostica a doença: “o movimento é político-social” para logo em seguida propor a cura, “vamos traficar cultura?”

A Cantora

Está confirmado: Camille, musa francesa, vocalista do Nouvelle Vague e autora de um dos discos mais bacanas do ano passado vai estar presente no Abril Pro Rock. Esse é o primeiro de uma série de nomes internacionais que o produtor Paulo André Pires fecha para a edição desse ano do festival.

Responsável por criar pontes de ida do Recife para o exterior, Paulo André agora tenta fazer o caminho inverso para trazer um pouco desse mundo vasto mundo para nossa cidade. E o Porto Musical, que começa em alguns dias, já é um bem sucedido resultado desse trabalho.

As Bandas

Das centenas de gravações de bandas que chegam às mãos de Paulo André para a seleção no Abril Pro Rock, a maioria esmagadora é de pop rock da década de 80. O modelo? Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Ultrage a Rigor... Outra leva importante é de bandas que tem som “mangue”, leia-se clones mal feitos da Nação Zumbi com tambores e riffs à la Lúcio Maia.

Uma parte parou há 20 anos, outra está na década de 90....

Quando chegarão ao século 21, niguém sabe.

O Herege

Um policial casto/católico numa ilha pagã nos cafundós da Escócia em busca de uma menina desaparecida é o mote para “O Homem de Palha” (The Wicker Man), dirigido por Robin Hardy, em 1973. Bizarro e fascinante, o filme traz um Cristopher Lee de cabelo pintado de acaju – horrível! - ao som de folk psicodélico escocês.

O melhor é que foi lançado numa dessas séries que chega às bancas de revista bem baratinho: dez realezas!!! Hollywood se empenha numa nova versão, mas duvido que seja tão bacana quanto a original.