Esse coqueiro que dá coco
Outro dia li nas páginas desse Diário uma matéria dedicada aos traços de um conhecido artista plástico local. O tiozinho retratou a si próprio matando o Papa, Bush e Lula. Alvos facinhos, bem ao gosto do senso mais comum. Mesmo com essa temática adolescente, o traço tosco e a preguiça intelectual, ele é levado a sério nos mundos das galerias, aquelas lojas que vendem a decoração mais cara do planeta (como disse Robert Crumb “se não for caro não é arte”).
O equivalente disso no mundo das canções é a chamada MPB, sigla para música popular brasileira, embora nem sempre seja tão popular. Na década de 70 artistas eleitos pela intelectuália brasileira não vendiam muito e as gravadoras destinavam uma parte dos lucros gerados por gente como Odair José, que vendia horrores mas não era “artista”, para cobrir o buraco financeiro deixado pelos gênios incompreendidos. Só pra lembrar, Odair José é autor de uma das mais polêmicas letras do cancioneiro popular, “Pare de tomar a pílula”, banida não só no Brasil como em vários países da América Latina católica.
A história da auto-complacência na MPB vem de longe. Repare só que pérolas da obviedade você pode achar num clássico como “Aquarela do Brasil”: “Esse coqueiro que dá coco” ou “bota o rei congo no congado” ... e tudo isso pra se ufanar no final, de peito aberto: “Braaaasiiiiiiiiiil”.
Passa-se o tempo e a MPB, que nem a ordem dos músicos, anda mal das pernas mas ainda se sustenta através do sonho de tocar “Dia Branco” em algum bar embora reste sempre a impressão que muitos mais prefeririam o silêncio. Ou que não houvesse música para poder conversar em paz.
Como tudo no Brasil, a culpa é do governo! Do ensino público deficitário que faz as pessoas acharem que “som de besouro, imã - branca é a luz da manhã” ou “caetanear o que há de bom” sejam achados poéticos.
Pra terminar, um pedido: por favor, alguém poderia me explicar o que é “badauê”?
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